Antonio Miranda - Jorge sentou praça na cavalaria. O Amado, nas plantações e praias da Bahia.
Eu estou feliz porque estou em sua companhia, em ser citado, descrito e ilustrado na sua narrativa de Brasil de Bahia. Da cidade Alta, da Cidade baixa, dos puteiros... e cortiços do Pelourinho, das rodas de capoeira, do Bataclan de Machadão, da Venda do Nacib e dos sonhos de Geruza.
Eu estou vestido com as roupas e as armas de Jorge para combater a opressão dos coronéis, dos exploradores exportadores, da truculência policial na Tenda dos milagres. Sim, as roupas e as armas de Jorge, o amado santo Guerreiro do Brasil nascido na Bahia.
Para que meus inimigos tendo pés não me alcancem, tendo mãos não me toquem, não me peguem, assim como não pegaram o Volta Seca nem a nenhum dos Capitães de Areia, bem como não tocaram Teresa Batista sem que ela permitisse! Ora, quem são eles para tocar ou alcançar o sonho dos trabalhadores, dos sindicalistas, dos capoeiras, dos agricultores tão descritos e bem escritos por Jorge? Ninguém...
Tendo olhos não me vejam, não me enxerguem e nem em pensamento possam me fazer mal, pois tenho o corpo fechado pela magia do Jubiabá, protegido pela magia de cada mãe de santo da Bahia e vigiado por Jorge o santo guerreiro e por Jorge , ministro de Xangô, Kaô cabecile!
Armas de fogo meu corpo não alcançarão, facas e lanças se quebrem sem meu corpo tocar, sejam elas disparadas por coronéis, por jagunços ou por qualquer opressor narrado e execrado por Jorge. Que Jorge guerreiro possa um dia anulá-los, já que foram denunciados pelo Amado.
Cordas e correntes se arrebentem sem meu corpo amarrar. E arrebentadas, que libertem a liberdade, defendida pela espada de Jorge e aclamada pela pena de Jorge. Quebradas, que cordas e correntes sirvam somente para atracar o Paquete voador, após cada ida e vinda de Guma, filho de Iemanjá, Odoiá!
Porque eu estou vestido com as roupas e as armas de Jorge. As mesmas que cobriram Vadinho na vida e na morte viva, para que redeflorasse a Flor que fora revirginada por Madureira. Que também cobriram e traduziram a bedel sabedoria de Pedro Arcanjo, a singeleza de cravo e canela de Gabriela e mataram Quincas duas vezes. Cada vez com um Berro d´água.
Jorge é da Capadócia, do Rio, da Bahia, do Brasil.
Jorge nasceu na Bahia, viveu no Brasil e hoje é do mundo!
São Jorge que nos proteja.
São Jorges a nos proteger!
Um de espada e o outro de pena
Acreditando (sempre) que vale a pena
Liberdade exercer!
Salve, amados Jorges!
